O mundo como um todo está mudando de forma cada vez mais acelerada. O setor hoteleiro não foge à regra, e também vem passando por muitas transformações nos últimos anos. Uma das mudanças mais notáveis diz respeito à maneira como a interação entre hóspedes e estabelecimentos acontece. Acompanhando o perfil do novo consumidor, hotéis e pousadas têm procurado, cada vez mais, incorporar a tecnologia aos seus processos de gestão.
Nesse cenário de movimentação constante, você pode se perguntar: “como acompanhar as mudanças? De que maneira meu negócio será impactado pelas ferramentas digitais e pelos novos modelos de economia que surgem com elas?“
Para responder essas perguntas, conversamos com Carolina Sass de Haro, doutora em turismo com mais de 15 anos de experiência no setor. Além disso, Carolina também é sócia-diretora da Mapie – uma das mais reconhecidas consultorias hoteleiras no Brasil -, editora de tendências em turismo no blog Disque9 e analista de mercado para a Phocuswright na América Latina.
No bate-papo, a especialista fala sobre a importância de se adequar às tendências e à evolução tecnológica, mas também lembra que cada vez mais os hotéis e pousadas precisam fazer “o básico bem feito” se quiserem se destacar. Entenda o que ela quer dizer com isso e aprenda mais lendo a entrevista concedida por ela com exclusividade para a Revista Gazin Atacado – Hotelaria*.
Carolina Sass de Haro – Estamos vendo uma transformação do modelo de negócio hoteleiro, principalmente impulsionada pela nova geração de consumidores (os millennials), que deseja hotéis mais autênticos, com mais personalidade e mais serviços inteligentes. Outro fator que contribui para a transformação é a economia compartilhada e suas plataformas como Airbnb, por exemplo.
Com isso, veremos hotéis cada vez mais legais, com design diferenciado, áreas comuns integradas e apartamentos com o básico bem-feito – como internet de qualidade e gratuita, cama confortável e ducha de alta pressão.
Os processos também devem ficar mais inteligentes, menos burocratizados e mais tecnológicos. O cliente entrará em contato com a equipe do hotel somente se ele quiser. Caso contrário, tudo poderá ser feito via web ou mobile.
Finalmente, veremos o crescimento do não hotel. Residências e unidades espalhadas pela cidade, otimizando o uso dos recursos imobiliários já existentes.
→ Dicas de leitura
Muito do que a Carolina aponta como tendência já foi abordado no Blog da Hotelaria. Clique aqui e navegue entre os artigos que trazem muito conhecimento e dicas sobre gestão de hotéis e pousadas.
Carolina Sass de Haro – Temos algumas iniciativas pontuais, mas, infelizmente, estamos atrasados em relação aos países desenvolvidos e mesmo em relação a alguns países em desenvolvimento, como Índia, Chile, Argentina, Tailândia e outros. Ficamos amarrados em uma legislação arcaica e ainda estamos muito apegados aos modelos tradicionais.
Carolina Sass de Haro – Temos que entender que não existe mais separação entre a vida online e off-line. Estamos sempre conectados e misturamos os dois ambientes a todo momento. Com essa lógica, nossos negócios devem transitar entre esses ambientes com muita facilidade. Temos que incorporar a tecnologia a favor dos serviços. Por exemplo, utilizar aplicativos de mensagens para solicitar serviços dentro do próprio hotel, como toalhas extras e outros itens.
Carolina Sass de Haro – Há um desafio de distribuição. Precisamos aceitar que o canal de distribuição mudou e, por conta disso, é necessário adequar a estratégia comercial. As agências online vieram para ficar e precisamos tratá-las como parceiras, e não inimigas. Além disso, é importante compreender que uma vez que o cliente está hospedado em nosso estabelecimento, temos em mãos uma grande oportunidade de fidelizá-lo e fazê-lo comprar diretamente conosco. Para isso, é preciso garantir a qualidade da entrega, tendo um sistema de gestão moderno e uma equipe bem capacitada.
Carolina Sass de Haro – É preciso estar atento às mudanças de comportamento e consumo para entender o perfil de seus clientes e oferecer uma experiência/proposta de valor que seja valiosa para eles. Além disso, é necessário ter um conceito bem definido e aplicá-lo em todos os momentos de contato com os hóspedes, desde a reserva até o check-out.
Carolina Sass de Haro – A palavra-chave aqui é “reinvenção”. Hotéis e pousadas precisam compreender a razão pela qual este novo modelo faz tanto sucesso e quais são os elementos que podem ser incorporados em seu estabelecimento. Facilidade, conveniência, espaço e personalidade são alguns dos elementos. Use tudo isso a seu favor para se reinventar.
Carolina Sass de Haro – A tecnologia está cada vez mais disponível e barata. Existem muitas ferramentas para facilitar a vida de hoteleiros e clientes. É preciso entender como cada uma contribui para o seu conceito único e implantar aquilo que agrega à tal conceito.
Com base em tudo que foi dito até aqui, Carolina dá algumas dicas sobre como hotéis e pousadas podem oferecer uma experiência marcante aos hóspedes, oferecendo o básico com qualidade, inovando em pequenos gestos e acompanhando a movimentação do mercado. Confira!
Boas reflexões, não é mesmo? Leve-as em conta na hora de traçar seu planejamento estratégico para os próximos meses e anos, e aumente suas chances de sucesso!
*Essa entrevista foi originalmente publicada na Revista Gazin Atacado especial Hotelaria. Clique aqui e baixe seu exemplar com todas as matérias.
Imagens: Freepik; Divulgação